domingo, 22 de fevereiro de 2015

32: A filha do barão - Célia Correia Loureiro

 
Titulo: A filha do barão
Titulo original: A filha do barão
Autor/a: Célia Correia Loureiro
Editora: Marcador
Páginas: 574
Género: Historico
Site autor/a: -Correia-Loureiro

Sinopse: Quando D. João tece a união da sua única filha, Mariana de Albuquerque, com o seu melhor amigo - um inglês que investiga o potencial comercial do vinho do Porto -, não prevê a espiral de desenganos e provações que causará a todos. Mariana tem catorze anos e Daniel Turner vive atormentado pela sua responsabilidade para com a amante. Como se não bastasse, o exército francês está ao virar da esquina, pronto a tomar o Porto e, a partir daí, todo o país. No seu retiro nos socalcos do Douro, Mariana recomeça uma vida de alegrias e liberdade até que um soldado francês, um jovem arrastado para um conflito que desdenha, lhe bate à porta em busca de asilo. Daniel está longe, a combater os franceses, e Gustave está logo ali, com os seus ideais de igualdade e o seu afecto incorruptível, disposto a mostrar-lhe que a vida é mais do que um leque de obrigações
Opinião: Este livro foi uma grande surpresa, já tinha lido criticas excelentes, esta leitura confirmou tudo. É um orgulho ter uma portuguesa a escrever assim. A escrita é simples, o texto é narrado, com pouco diálogos sobretudo na parte inicial, o que não é do meu agrado normalmente, mas neste até nem incomodou bastante. A autora conseguiu criar personagens com carisma e dinâmicos, imperfeitos o que os tornou bastante reais. Esta é a historia de Mariana filha de um barão cuja mão é dada por este a um inglês, Daniel, um comerciante rico que sonha em produzir vinho do Porto. Entre eles as diferenças são bastantes, a idade, a cultura, a forma de estar, o único que os une, o amor e respeito ao pai dela que se encontra doente e que quer este casamento para deixar a filha “arrumada”, e pouca vontade em casarem um com o outro. Ela esconde debaixo de um comportamento correcto, uma rebelde, um comportamento por vezes infantil e bastante inocente em relação a tudo que esteja relacionado com uma relação entre 2 pessoas. A relação com a mãe é péssima, detestam-se cordialmente. Gostei como a personagem cresceu e evoluiu. O facto dela ter inicialmente 14 anos incomodou um pouco, é certo que ele vai esperar, mas a um dado momento acontece tudo um pouco rápido de mais. Ele sente-se culpado por adiar o casamento, e desiludir o amigo, mas também porque tinha uma relação com outra. É rico, adora ser um negociante, educado, frontal. Primeiro estranhou os costumes portugueses, depois acaba por achar piada e adoptar alguns. O interesse por Mariana vai ser um choque que o vai levar a lutar contra o que sente. Um pouco ciumento, e estúpido, como é que alguém pede aquilo? Como pano de fundo temos a invasão napoleónica, com bastantes detalhes, nota-se o trabalho de investigação, e que vai ter consequências para este casal. As escolhas que ambos fazem nem sempre é a melhor, ainda estou em choque com o que ele lhe pediu, e pela forma que ela “cobrou”, ficaram quites. Este livro não é feito apenas com Mariana e Daniel existem mais personagens que tornam a intriga mais interessante:
João, o pai dela um barão, que se encontra a morrer e que utiliza a riqueza para deixar a mulher e a filha em boas mãos, e que esconde um segredo relacionado com as raízes de Mariana
Sofia: a mulher de João, mulher fria, snob, detesta a filha que culpa por terem que ir morar no norte deixando João sozinho em Lisboa, e por esta ser a luz dos olhos do marido. Esta personagem esconde uma grande solidão. Vai tentar fazer a vida de Mariana miserável, a evolução desta personagem foi a que mais me surpreendeu, acabei por gostar bastante
Elizabeth: irmã dele, é considerada uma solteirona, adora o irmão, mas não lhe vai perdoar que a obrigue a casar com um empregado, o Joaquim, quando o homem que ama é outro. A convivência com o marido vai acabar por abrir-lhe os olhos e que descubra quem é o mais cavalheiro dos dois, o mais fiável e aquele que a ama
Ada: mãe de Daniel, não sabe o que pensar de tudo
Isabel: viúva e amante de Daniel, gosta dele, ela no fundo salvou-a e agarra-se a isso. Bastante vingativa, se não não teria feito aquela escolha. A relação dela com Mariana vai ser um carrossel
Gustave: um soldado francês que deserta e se refugia na quinta num momento em que Mariana esta vulnerável e a odiar o marido
José: um criado da mesma idade de Mariana, ele gosta dela, mas entre os dois vai nascer uma grande amizade
O final é frustrante, mas acabei de descobrir que a autora fez uma continuação com a filha deles :), o livro chama-se Uma mulher respeitavel

Jamais alguém lhe falara assim. Chegara a cultivar a ilusão de que era algo de belo e sagrado; algo que seria, para sempre, estimado. Voltou-se sobre o ombro para a rua de onde viera. A fome incomodara-a nas primeiras horas, espicaçara-a nos primeiros dias. Volvida uma semana, contudo, era algo que a moldava. Ela já não era Evelyn St. Clair, a menina privilegiada da Casa da Pereirinha que falava Português, Inglês e um pouco de Francês. Ela era uma escultura de ossos, uma catedral de fome, um monumento à sobrevivência.»
 

Nota: 4 /5

3 comentários:

  1. Olá,
    Ainda não li este livro mas estou a ver, pela tua opinião, que é um bom investimento.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. eu gostei :), é bom saber que temos excelente autores de romance
      bjs

      Eliminar
  2. Olá
    Já há algum tempo que tenho curiosidade para ler este livro e com a tua opinião ainda fiquei com mais :)
    Beijinhos e boas leituras

    ResponderEliminar