sexta-feira, 8 de março de 2013

Citações sobre livros ou leituras

Tradução livre
(…) elas fechavam-se juntas para lerem romances. Romances sim. Não penso ser como esses escritores que censuram um facto para o qual eles mesmos contribuem com as suas obras, juntando-se aos seus inimigos para desconsiderar este género de literatura, contribuindo com o escárnio as heroínas que a sua própria imaginação fabrica, e qualificando de sonsas e insípidas as paginas que as suas protagonistas folheiam, segundo elas com desgosto. Se as heroínas não se respeitam mutuamente, como esperar das outras apreço e a estima merecidas? Da minha parte, não estou disposta a colocar as minhas umas contra as outras. Deixem a quem publicam revistas, criticar à sua vontade um género que não duvidam a classificar de insonso, e mantenhamos unidos os romancistas, para defender o melhor que pudermos os nossos interesses. Representamos um grupo literário injusta e cruelmente denegrido, mesmo que seja ele o que mais prazer deu à Humanidade. Por soberbia, por ignorância, ou pressões de moda, resulta num numero de detractores quase igual ao dos nossos leitores, e enquanto mil plumas se dedicam a elogiar o exemplo e esforço de homens que não fizeram mais do que juntar pela enésima vez a historia da Inglaterra, ou colecionar numa nova edição poemas de Milton, Pope e de Prior, junto com um artigo de Spectator, um capitulo de Sterne, a imensa maioria dos escritores desacreditam o trabalho dos romancistas e tira importância a obras que apenas tem como recomendação: o génio, a graça, e o bom gosto. A cada momento escutamos: “não sou leitor de romances”; “raramente leio romances”; “até era razoável para um romance”. Se perguntarmos a uma dama: “ O que gostais de ler Miss X?” e se este se chamar Cecília, Camilla ou Belinda, responderá: “oh! Apenas um romance!” sentindo uma certa vergonha e indiferença afectada por ter sido descoberta. Concentrada numa obra em que por meio de um refinado, linguagem e uma inteligência poderosa, aonde lhes é dado a conhecer uma infinita variedade do carácter humano, e a mais feliz pintura das efusões do espírito, de humor, de uma mente avispada e desperta. Se essa dama estivesse no momento da pergunta lendo um exemplar de Spectator, responderia com orgulho e deleitaria-se de estar a ler uma obra, cheia de factos inverossímeis e de tópicos com nenhum ou pouco interesse, concebidas numa linguagem grosseira que surpreende que pudesse ser tolerada. (…)
Northanger Abbey – Jane Austen
Nota: não sou tradutora, nem de letras, desculpas por qualquer erro. Existem neste excerto várias referencias a livros e revistas da época.
Como podem ver a questão sobre a qualidade de um livro não é de agora e vai continuar ao critério de cada um.

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